Após usar um perfil falso para enganar e coagir uma adolescente quando ela tinha 13 anos, Leandro Fernandes dos Santos, de 25 anos, divulgou imagens íntimas da vítima no Instagram da própria garota. Ele foi preso pelo crime em Lorena, no interior de São Paulo, em cumprimento a um mandado de prisão temporária, de 30 dias, expedido pela Justiça com base em investigação da Polícia Civil. Por causa da exposição na rede social, a vítima, que mora na capital paulista, foi ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa acompanhada pelos pais em 29 de março.

Em depoimento na 4ª Delegacia de Repressão à Pedofilia, a garota relatou que suas fotos íntimas foram publicadas após se negar a seguir enviando para Leandro fotos e vídeos dela com teor sexual.  O compartilhamento foi feito no próprio perfil da vítima — que foi obrigada a dar a senha ao criminoso, que a mudou e passou a administrar a conta da jovem. Como mostram as investigações, o criminoso criou um perfil falso, fingindo ser uma garota, para se aproximar e ganhar a confiança da vítima, que atualmente tem 14 anos. O perfil fake, cujo nome era Mariane, ganhou a confiança da garota e conseguiu convencê-la a enviar fotos íntimas — sob o pretexto, por exemplo, de ver se os seios delas seriam semelhantes. A investigação da 4ª DRP mostra, ainda, que Leandro usava o perfil fake em grupos de bate papo do Telegram e Discord, por meio dos quais foi “apresentado” à vítima pelo perfil fake — ou seja, Mariane, que na verdade era o próprio criminoso, fingia estar apresentando à vítima a Leandro.

Manipulação - Nas conversas, Leandro pediu à vítima que enviasse imagens íntimas. A jovem se negou e Leandro, então, afirmou que Mariane (seu perfil falso) já havia encaminhado as fotos da adolescente nua para ele. “Com isso, ele passou a ameaçar de divulgar o material na internet, conseguindo convencer a jovem a lhe dar a senha de acesso à conta no Instagram, além de ela ser obrigada a encaminhar fotos e vídeos, cada vez mais pesados”, afirmou à reportagem um policial que acompanha o caso, em condição de sigilo. A gota d’água foi quando Leandro exigiu e a garota se negou a fazer um vídeo pornográfico com um cachorro. Com a negativa, Leandro compartilhou imagens íntimas da garota, no Instagram dela, em 29 de março. Além de Leandro, o irmão dele , de 17 anos, foi apreendido em flagrante pelo crime análogo a pedofilia, pelo fato de manter salvo em seu computador pornografia infantil. O menor foi liberado  para responder ao caso em liberdade.

Ameaças - Leandro conseguiu, inclusive, coletar informações sobre os pais da garota, assim como o endereço onde ela morava com eles, ampliando as ameaças à família, inclusive de morte. Isso fez com que eles se mudassem do endereço, com medo de Leandro. Com base no relato da vítima, a 4ª DRP instaurou um inquérito e conseguiu elencar provas para viabilizar a prisão de Leandro. Na casa do criminoso, onde ele mora com a mãe e o irmão, foram apreendidos o computador do menor de 17 anos, com pornografia infantil, além do celular de Leandro, no qual há ameaças à jovem, assim como vídeos dela. O material já está sendo periciado. A mãe de Leandro desconhecia os crimes. Ela relatou à polícia que o filho mais velho usava com constância o celular e que o caçula ficava bastante no computador.

Estupro de vulnerável - Leandro já foi indiciado por estupro de vulnerável, em 2019, após fazer sexo com uma garota de 13 anos. Ele seduziu a garota, que consentiu em transar com o criminoso, em um primeiro momento. Quando ela não quis mais se relacionar com ele, Leandro a chamou para conversar pessoalmente, quando mantiveram uma última relação sexual, registrada em vídeo pelo criminoso, sem a ciência da garota. O material começou a ser usado por ele para ameaçar a adolescente, por meio de mensagens. Por conta do “fim do relacionamento”, ele disse à vítima: “Se você não ficar comigo, não vai ficar com ninguém, eu te mato e mato a pessoa que estiver com você”. A vítima não se encontrou mais com Leandro, que compartilhou no Facebook o vídeo de sexo com a menor de idade, resultando no acionamento da Polícia Civil para investigar o caso, ocorrido em Cachoeira Paulista, no interior.  Que a justiça possa ser exemplar neste caso.