Operação investiga desvio de R$ 18 milhões da CATIVA, em Londrina

Na manhã desta quarta-feira (23), integrantes da direção da Cooperativa Agroindustrial de Londrina (Cativa), no norte do estado, foram alvos de uma operação do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Segundo o Ministério Público, o presidente, o gerente administrativo-financeiro e o conselheiro administrativo são suspeitos de desviar R$ 18 milhões da venda de parte da área de laticínios da Confepar Agro-Industrial Cooperativa Central. Essa negociação de valor total de R$ 118 milhões com uma multinacional francesa aconteceu em 2021. À época, fazia três anos que a Cativa tinha comprado a Confepar.
A investigação também apura se membros dos conselhos fiscal e administrativo da Cativa desviaram valores próximos a R$ 100 mil. Eles são responsáveis pela aprovação das contas da empresa. Na casa de um contador, durante a operação, foram localizadas notas de dinheiro. A quantia não foi divulgada até a publicação desta reportagem. "O objetivo das buscas é apreender elementos probatórios, como celulares, prova documental e outros elementos que nos permitam esclarecer os fatos de investigação [...]", explicou o promotor de Justiça Leandro Antunes Meirelles Machado.
O Juízo da 2ª Vara Criminal de Londrina determinou o sequestro de aproximadamente R$ 20 milhões, 19 imóveis, dez créditos imobiliários e dez veículos de luxo. São nove mandados de busca e apreensão. Também foram cumpridos 22 mandados de imposição de medidas cautelares. Os investigados serão monitorados por tornozeleira eletrônica e proibidos de acessar o prédio da Cativa. Por enquanto, os nomes dos suspeitos não foram divulgados, mas são: o presidente, o gerente administrativo-financeiro e o conselheiro administrativo da Cativa.
Em nota, a cooperativa disse que tem "total interesse na apuração dos fatos de maneira transparente e ética, observados os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa aos acusados". A Cativa também disse que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação."Além disso, informa que mantém plenamente suas atividades cumprindo com todas as obrigações perante seus cooperados, produtores, parceiros e fornecedores, em respeito aos seus mais de 60 anos de história", informou a nota.
O Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) recebeu denúncia, em 2024, sobre o suposto desvio de dinheiro da venda. Com quebra de sigilos bancário e fiscal, a investigação mostrou que os suspeitos se apropriaram indevidamente de R$ 18 milhões da venda à multinacional. "[...] logo após os supostos desvios, o presidente, o gerente administrativo-financeiro e o conselheiro administrativo da Cativa adquiriram imóveis rurais, imóveis urbanos e veículos de luxo", diz a nota do MP-PR
O esquema criminoso pode ter causado prejuízo para 10 mil cooperados, que deveriam ter recebido o valor. Para o desvio, os investigados são suspeitos de constituir empresas fantasmas em nome de "laranjas". Conforme o promotor de Justiça, a funcionária de um dos investigados teve o nome usado, sem que ela soubesse, em uma dessas empresas. Para justificar a saída do dinheiro do caixa da Cativa, foram emitidas notas fiscais de prestação de "serviços de agenciamento, corretagem e intermediação de negócios". Esse trabalho, de acordo com o MP-PR, nunca foi realizado.
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